Por trás da euforia de Euphoria


Quem acredita que essa é outra série de jovens do ensino médio com os problemas existenciais típicos... Que vá se preparando.

Euphoria é outra coisa, é uma série cheia de sexo, drogas, sexo, violência, doenças mentais, bullying, cyberbullying... Já disse sexo?

Desde a sua estreia, Euphoria se tornou uma das surpresas do ano e é uma daquelas séries que fizeram todo mundo falar sobre ela.

Baseado na série israelense de mesmo nome, Euphoria, começa com a recaída de drogas da protagonista, Rue Bennett -interpretada por Zendaya- que depois de deixar um centro de desintoxicação aparece consumindo todo tipo de drogas, enquanto, em outra parte, alguns adolescentes experimentam asfixia enquanto praticam sexo; e uma jovem -um pouco gordinha- que sofre cyberbullying depois de divulgar um vídeo sexual dela.

Embora, sem dúvida, a sequência mais forte -para chamá-la de alguma maneira- seja onde aparece Eric Dane, conhecido por interpretar o Dr. Mark Sloan em Grey's Anatomy, fazendo sexo com a modelo transgênero Hunter Schaefer, que por sua vez interpreta Jules uma jovem trans que sente atração por homens maduros. Aqui, o ator, que por sinal aparece completamente nu, faz sexo com Jules, que mente ao afirmar ser maior de idade, ele a pega abruptamente por trás, enquanto a câmera foca nela e nos faz duvidar se na realidade ela está sofrendo ou gozando.

Em poucas palavras, Euphoria mergulha no caos desencadeado pelo relato errático de uma narradora muito, mas muuuuito pouco confiável, que sobrevive como pode a uma adolescência de vícios, solidão e confusão.

A chegada da internet mudou tudo, nossa maneira de nos relacionar com as pessoas, com os amigos e até com estranhos, de desfrutar de alguns aplicativos, de não poder viver sem outros, para nos informarmos sobre o mundo, para participar no progresso -ou regressão- da sociedade, de trabalhar, de procurar companhia, de nos expressar, de tirar uma foto de tudo e para tudo, de tirar fotos nuas, de nos gravar enquanto nos masturbamos ou fazemos sexo, de chamar a atenção, de explorar nossa criatividade...

Mas... O que é que não foi mudado, e até se intensificou?

O mais contundente e inevitável dos sentimentos humanos: a solidão.

Euphoria não esconde sua vontade de retratar de maneira real e grosseira a geração Z, uma geração que nasceu com o celular debaixo do braço, jovens que provavelmente descobriram que o Papai Noel não existia por causa de um meme no Twitter ou que aprenderam sobre sexo pela primeira vez no PornHub e que medem sua autoestima com base no número de curtidas das suas fotos no Facebook ou Instagram.

Uma geração marcada pela ansiedade, que nasce da incerteza sobre o seu futuro, pelo medo de saber se eles chegarão aos 50 anos antes do fim do mundo, seja por uma terceira guerra mundial, ou por um desastre climático provocado na Amazônia ou pela certeza de que os governantes de hoje -todos sem exceção- parecem ter sido retirados de um filme ruim do Esquadrão Suicida.

O certo é que cada um dos personagens principais de Euphoria, têm muito, mas muuuuuuuuuito para dizer, desde Rue (Zendaya) que faz isso com drogas para acalmar as vozes que a perseguem em sua cabeça -a pobre padece de vários transtornos mentais- muito na moda hoje em dia, variando de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) a bipolaridade. Kat (Barbie Ferreira) que depois de um cyberbully se converte em uma dominatrix -via webcam- para superar seus medos por não ser amada como ela merece por ser gorda. Maddy (Alexa Demie) que luta contra a ideia de que deve agradar aos homens à custa de suas próprias necessidades. Cassie (Sydney Sweeney) que se presta às demandas de todos os seus parceiros sexuais (incluindo vídeos e "nudes") e tudo por causa de uma preocupação doentia de que a abandonem como fez o seu pai. Jules (Schaefer) que, quando se aceitou como trans, tenta pertencer a um mundo que às vezes não tem lugar para ela, ou Nate, um jovem homossexual de armário que ao conter seus desejos sexuais, tem ataques de raiva que o fazem parecer reativo, mas acima de tudo vingativo.

Em resumo, como a arte imita a vida, são todos os jovens em busca de validação, seja da família, de seus amigos ou de seus parceiros, imersos em uma sociedade extremamente exigente, onde sexo e drogas desempenham um papel muito importante.

0 comentários:

Postar um comentário

Deixe seu comentário! Link quebrado? Avise!