Sexo Anal - Série Orgasmo e Adoração



Esse é, sem dúvida, um dos assuntos mais polêmicos quando falamos de intimidade conjugal. Muitos já chegam com a resposta pronta: “é pecado” ou “é liberado”. Mas será que a Bíblia fala disso?

Levítico 18:22
“Com homem não te deitarás como se deita com mulher; é abominação.”

A palavra-chave em hebraico aqui é תּוֹעֵבָה (toʿevah), traduzida como “abominação”.

Esse termo é usado em vários contextos, nem sempre sexuais. Ex.: ídolos (Dt 7:25), alimentos impuros (Dt 14:3).

Ou seja, não é uma “categoria única” de pecado sexual, mas uma prática cultural e cultual considerada impura para Israel.

O verbo “deitar-se” é שָׁכַב (shakav), que no contexto sexual significa ter relação carnal.

Repare: o texto proíbe homem com homem “como com mulher”. Ou seja, o alvo aqui é homossexualidade, não práticas específicas entre marido e esposa.

Romanos 1:26-27
“... as mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza; semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros...”

A expressão grega é χρῆσις φυσικὴ (chresis physike) = “uso natural” e παρὰ φύσιν (para physin) = “contra a natureza”.

“Natureza” (physis) em Paulo não é “biologia fria”, mas aquilo que corresponde ao propósito de Deus na criação (veja Romanos 11:24 onde “contra a natureza” é usado sobre enxertia de oliveiras, ou seja, fora do design divino usual).

O foco aqui é novamente relações homossexuais, pois Paulo fala de homens com homens e mulheres com mulheres.

Não existe no texto nenhuma indicação de condenação a práticas sexuais heterossexuais consensuais, mesmo as “não convencionais” (como sexo oral ou anal).

O toʿevah de Levítico não é sobre marido e mulher, mas sobre práticas vistas como rituais ou idolátricas.

O para physin de Romanos não é “qualquer prática diferente da penetração vaginal”, mas o abandono da complementaridade homem–mulher.

Logo, usar esses textos para condenar sexo anal no casamento é exegese forçada. O que deve guiar o casal é 1 Coríntios 7:3-5 -> mutualidade, amor e acordo.

Autores como Clifford & Joyce Penner (The Gift of Sex) lembram:
“No leito conjugal, a questão não é ‘isso é permitido?’, mas ‘isso edifica o nosso amor?’. A liberdade é dada, mas deve ser vivida em respeito mútuo.”

Ed Wheat reforça em Intended for Pleasure:
“A pureza do leito conjugal não é definida pela posição ou técnica, mas pela motivação do coração.”

Ou seja: a régua não é “moralismo sexual”, mas amor que não busca o próprio interesse (1 Coríntios 13:5).

É fato que o sexo anal pode trazer riscos físicos, esse ponto é importante porque muitos pulam:
O ânus não é feito para penetração regular, logo, existe risco maior de dor, fissuras e infecções.

Higiene e comunicação são indispensáveis.

Se houver interesse, deve ser com preparo, cuidado e consentimento.

Por isso, o princípio de “não convém” (1 Coríntios 6:12) DEVE ser levado a sério: se há dor, constrangimento ou desconforto para um dos dois, não edifica.

Douglas Rosenau observa:
“Não é o ato em si que o torna saudável ou não, mas a forma como ele é abordado: se for imposto, é abuso; se for mútuo, pode ser expressão de intimidade.”

O sexo anal não é uma “abominação” bíblica nem uma obrigatoriedade conjugal. É um ponto de diálogo, liberdade e cuidado. O que Deus abomina não é uma posição sexual, mas qualquer prática que fira a dignidade, a saúde e o amor dentro do casamento.

No altar da intimidade, o que vale é a união, não a imposição.


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