Sexo, Santidade e Tradições: Leito Conjugal e Amarras Religiosas

 

Olá, quero te dar as boas-vindas a mais um texto dessa série especial sobre casamento, sexo e espiritualidade. Aqui eu e meu digníssimo nos propusemos a falar de algo que quase nunca aparece nos púlpitos, mas que faz parte da vida real: a cama do casal.

Sei que, para muita gente, sexo ainda é sinônimo de culpa, silêncio ou tabu. Mas eu quero te convidar a olhar para ele de outra forma: como parte da fé, como expressão de santidade e até como ato de adoração. Desde já obrigada a quem acompanha.

Nós estamos acostumados a pensar em culto como algo que acontece dentro de um templo: oração, cânticos, pregação, ceia. Mas a Bíblia diz que “o leito conjugal é honrado por todos” (Hebreus 13:4).

Isso significa que o sexo dentro do casamento não é “apenas prazer carnal”, mas também pode ser um ato de adoração. Cada beijo, cada toque e cada orgasmo podem ser tão espirituais quanto levantar as mãos num louvor ou se ajoelhar em oração na igreja.

“Atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem sobre os ombros dos homens...” (Mateus 23:4)

A história da fé cristã está cheia de beleza, mas também de distorções. Um dos campos mais afetados foi, sem dúvida, a sexualidade.

Na Idade Média, concílios e líderes criaram regras absurdas sobre quando os casais podiam ou não ter relações. Proibiam sexo em domingos, quartas e sextas, durante a Quaresma, no Advento, antes da Páscoa, antes de receber a Ceia... Somando tudo, mais de 200 dias por ano estavam "proibidos".

Agostinho, influenciado pelo platonismo, via o desejo sexual como marca do pecado. O prazer, para ele, só podia ser tolerado se fosse para procriar.

Tomás de Aquino reforçou que o orgasmo feminino não era essencial, reduzindo ainda mais a visão do sexo à mera reprodução.

Resultado? Casamentos marcados por culpa, medo e vergonha.

Enquanto isso, a Bíblia nunca colocou essas correntes. Quem as colocou foram homens que confundiram espiritualidade com repressão.

Jesus denunciou líderes que criavam fardos extras. Paulo ecoa:
“Para a liberdade Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão.” (Gálatas 5:1)

No leito conjugal, isso significa que não é Deus quem coloca medo no sexo, são tradições humanas. O Evangelho não proíbe a alegria, ele a consagra.

Muitos cresceram ouvindo que “quanto mais santo, menos desejo”. Mas a Escritura mostra o oposto:
Cântico dos Cânticos celebra corpos e orgasmos como poesia divina.
Provérbios 5:18-19 manda o marido se embriagar de prazer na esposa.
Paulo (1 Coríntios 7:5) alerta que negar intimidade abre portas para o inimigo.

Sexo não é obstáculo à santidade, mas um de seus instrumentos.

O Papa João Paulo II, em sua Teologia do Corpo, recupera uma verdade esquecida: o sexo conjugal reflete a própria Trindade.

O Pai se doa ao Filho.
O Filho recebe e retribui.
O Espírito é fruto dessa entrega mútua.

No mesmo padrão, marido e esposa se entregam, recebem e geram vida, prazer e unidade. O sexo é, assim, um ícone vivo do amor divino.

A verdade é: quando a mulher se cala, a espiritualidade do casal se cala junto. Orgasmo negado ou menosprezado é espiritualidade amputada.

Deus não nos chama a meio amor, mas a amor inteiro.

Questione tradições humanas. Se a intimidade no casamento é marcada por medo ou culpa, é hora de perguntar: “Isso está realmente na Bíblia ou é peso inventado?”

Redefina santidade. Ela não é ausência de desejo, mas desejo orientado pelo amor.

Pratiquem adoração encarnada. Sexo santo não é sexo sem prazer, mas prazer que se torna entrega, amor e até adoração.

Sexo e santidade não são inimigos. Pelo contrário: dentro da aliança, o prazer conjugal é expressão viva da graça de Deus. O leito não deve ser lugar de medo, mas de liberdade e celebração.

Talvez seja hora de revisar a base sobre a qual você construiu sua vida sexual. É Bíblia... ou tradição?

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