O Erotismo na Literatura Feminina

O que é erótico? Seria o mesmo que pornográfico? Ora, dizer algo com erotismo não é o mesmo que fazê-lo com pornografia. A palavra erótico vem do grego erotikós, e tem o significado de relativo ao amor, inspirado pelo amor, ao passo que o termo pornografia trata de assuntos obscenos ou licenciosos, capazes de motivar ou explorar o lado sexual do indivíduo. Há uma grande diferença entre um termo e outro. Então perguntaria: o que é um texto erótico? A resposta, por certo, dependeria da época, dos valores, dos grupos sociais, das particularidades do escrito e ainda das características da cultura em que esse foi elaborado. Nessas questões reside o motivo central dessa edição.

Octavio Paz (in: Durigan, 1985) assim se expressa acerca do erotismo "nada mais natural que o desejo sexual; nada menos natural que as formas em que se manifesta e se satisfaz. Na linguagem e na vida erótica de todos os dias os participantes imitam os rugidos e gemidos de todas as espécies de animais. A imitação não pretende simplificar, mas complicar o jogo erótico e assim acentuar seu caráter de representação". O erotismo não imita a sexualidade é sua metáfora. O texto erótico é, pois, a representação textual dessa metáfora.

Para Paes (1990), outro tipo de equívoco é o que confunde poesia erótica com poesia amorosa. Embora ambas tenham um tema obsessivo comum -o amor-, tratam-no de maneira tão diversa que terminam por fundar duas tradições históricas em que as divergências contam mais que as ocasionais convergências.

A metamorfose

Da mulher, quase não se ouve a voz quando se fala em literatura erótica. O grito masculino é constante e, segundo o autor supracitado, há uma hegemonia quase total de um discurso, por assim dizer, falocêntrico, em que o eros feminino só aparece como ausência ou vazio delimitador.

Como os tempos mudam, a palavra feminina tem evoluído ao longo das gerações, expressando diferentes sociedades, diferentes costumes. Se a contenção do universo feminino foi se afrouxando, o mesmo se deu com sua escrita. Às mulheres não era dada a liberdade do escrever, de mostrar seu íntimo, de exprimir seus desejos. Aqui e ali, ouvia-se uma pequena voz e uma delas é a de Safo, na antiga Grécia, de quem são registrados os primeiros textos eróticos da literatura feminina, como em: Mal te vejo, um instante que seja/ nem já sequer um som me passa pelos lábios,/ mas a minha língua se resseca/ um fogo sutil de súbito me corre sob a pele/ os meus olhos deixam de ver/ os meus ouvidos zumbem /cobres-me o corpo de suor/ torno-me mais verde que a erva/ e parece-me que vou morrer.

Já se percebia o desejo expresso em metáforas, em poesia, no belo. Séculos guardaram escritos das mulheres. Na Idade Média, as mulheres sofreram perseguição, morte, e poucas se aventuravam a escrever, sobretudo textos eróticos. Pouco relato há acerca do ato do escrever feminino. No período medieval e renascentista, autoras, já em línguas modernas, eram rainhas, como Marie de France (1170), Eleanor de Aquitaine (século XII), Marguerite de Navarre (1492-1549), Elizabeth I da Inglaterra e Cristina da Suécia, que fundou academias literárias em seu exílio na Itália (LERNER, 1993). Eram mulheres privilegiadas, que tiveram educação esmerada e que se dedicaram à literatura - o que não ocorria com a maioria das freiras, analfabetas, da Idade Média.

Já no século passado, muitas escritoras, na Europa, puderam mostrar seus textos sem que chocassem os costumes. Dentre elas, vale mencionar Lou Andréas Salomé, nascida na Rússia, autora de vários livros (romances e ensaios) e uma das colaboradoras de Freud. Amor de Rilke e de Nietzsche (este último, nela se inspirou para escrever "Zaratustra"), Lou foi exemplo de vanguarda na Europa.

Ao longo dos anos, muitos escritores homens se tornaram célebres, conhecidos e estudados por suas magníficas obras eróticas. Quer na prosa, quer na poesia, podemos apreciar descrições de belas cenas de amor. Quem de nós não se comoveu ao ler "O amante de Lady Chaterley" ou "Mulheres apaixonadas", de D. H. Lawrence, ou "Le lys rouge", de Anatole France? Não menos erótico foi Olavo Bilac no seu poema "A alvorada do amor". Por que apenas a valorização da palavra masculina, o reconhecimento de sua beleza e não também a da mulher? Por que a sociedade aplaude o homem que canta o corpo da amada e censura a mulher que assim o faz? Provavelmente, por diversos motivos tais como:

1. Educação - o povo não está preparado para aceitar a sensualidade exposta da mulher. Falo da sensualidade da mulher culta, escritora.

2. Cultura - a sociedade se acostumou com um padrão comportamental feminino e é preciso tempo e trabalho para que as regras mudem o que somente no século passado, nos idos dos 1960, na geração pós-pílula, é que conseguimos. O que evoluiu como sociedade, como cultural, como comportamental já sofreu, ao longo desse período feminista, modificações. A geração que antes era silenciosa, depois da pílula se soltou, e mais recentemente foi preciso estabelecer regras por conta das Doenças Sexualmente Transmissíveis (as DST), e toda essa revolução dos costumes é refletida, também, na arte (no cinema, na literatura, na pintura).

O barro modelado

As mulheres são castradas nos seus desejos. Reprime-se sua sexualidade. Desde cedo são canalizadas para o casamento. Sempre foi mais conveniente para o casal o homem sair para trabalhar e a mulher ficar em casa. A mulher recebe dos pais, bonecas. Sua convivência caseira se passa com empregadas e mães que adoram novelas (com honrosas exceções), que, por seu turno, também foram educadas para serem donas de casa. Quase nenhum problema ela tem capacidade de resolver porque seu raciocínio foi embotado em decorrência de brincadeiras sem criatividade, repetidas e monótonas. Ao homem, oferecemos carro, máquinas. Às mulheres, flores e casinha (STUDART, 1994). Os grandes ministros são homens, os padres são homens, os grandes cientistas são homens, os grandes escritores são homens, o presidente é um homem (exceções à regra podem ser apreciadas e louvadas, como a recente eleição de uma mulher para presidência do Chile, Michelle Bachelet ou para Primeira Ministra da Alemanha, Angela Merkel.

Mudanças sociais acontecem. Foram-se os tempos em que as esposas castas deveriam, no máximo, consentir em serem penetradas, transformadas em oficinas de fazer filhos. Os costumes mudaram desde a conquista do voto pela mulher, do desvencilhamento das anáguas, dos espartilhos. Finalmente veio a profissionalização, esta que foi a maior vitória da mulher. O ingresso nas universidades, à luta pelo pão, a cooperação nas despesas da casa foram, desse modo, trunfos paulatinamente alcançados pela mulher.

Ainda se observa certa resistência por parte de alguns machistas conservadores, pois, afinal, não é fácil, para o homem, dividir com a mulher seu status de "dono do terreno". No entanto, o mais difícil aconteceu: a feminilidade está se comportando muito bem com o profissionalismo. A mulher, sem perder sua sensibilidade, conquista, dia a dia, cada vez mais espaço.

REGINE LIMAVERDE*
Colaboradora
*Da Academia Cearense de Letras

A literatura e a problemática do gênero

A partir do momento em que as mulheres passaram a inscrever-se, de modo mais incisivo, no cotidiano social, político e cultural, estabeleceu-se, imediatamente, uma barreira entre os discursos e as posturas que homens e mulheres. No caso específico da criação literária, surgiram dois caminhos nítidos: de um lado, uma escrita masculina, mais presa à racionalidade e à leitura social e poética do momento histórico; do outro, uma feminina, alicerçada, sobretudo, na projeção de emoções, de sentimentos individuais: a primeira, áspera; a última, doce. O erotismo, por sua vez, recebeu um silêncio, como se o seu lugar já fosse um cânone dos homens...

Para saber mais sobre o erotismo na literatura feminina, vou deixar um pdf da Regiane Limaverde onde ela conta sobre e cita escritoras e poetisas e alguns de seus escritos, como Florbela Espanca, jovem poeta do século XX que foi o símbolo do erotismo em Portugal. Françoise Sagan, Marguerite Duras e a minha preferida Anais Nin na França. Gilka Machado, pioneira do erotismo no Brasil, por volta de 1920.

Que me venha esse homem por Bruna Lombardi.

Que me venha esse homem
depois de alguma chuva
que me prenda de tarde
em sua teia de veludo
que me fira com os olhos
e me penetre em tudo.

Que me venha esse homem
de músculos exatos
com um desejo agreste
com um cheiro de mato
que me prenda de noite
em sua rede de braços
que me perca em seus fios
de algas e sargaços.

Que me venha com força
com gosto de desbravar
que me faça de mata
pra percorrer devagar
que me faça de rio
pra se deixar naufragar .

Que me salve esse homem
com sua febre de fogo
que me prenda no espaço
de seu passo mais louco (LOMBARDI, 2006).

Para conhecer mais é só baixar, clicando aqui

Crucifix - The Collection, Vol. 1


Nascido em Atlanta, Geórgia, criado na África Central e Oriental, Cameron Cruce passou grande parte de sua infância saltando de continente a continente, absorvendo uma ampla influência de música, idioma e cultura. Aos dezoito anos, ele era nativo de quinze países diferentes, fluente em três línguas e entendia em primeira mão a dura realidade de viver cara a cara com o terceiro mundo. Mas foi a sua paixão pela música que logo se tornou o centro das atenções em sua vida. Aos doze anos, sua família mudou-se para o Congo, onde ele começou a aprender sozinho a tocar piano, escrevendo e produzindo suas primeiras músicas. Ele rapidamente descobriu o poder de derramar seu coração na música e dentro de um ano se viu gravando seu primeiro álbum no conforto de seu quarto. Fazendo suas próprias fitas com pouco mais que um gravador e um teclado, depois desenhando as capas à mão, ele começou a construir seguidores, vendendo sua música na escola e nas ruas empoeiradas do Congo e Ruanda.

Mas sua vida logo daria uma guinada abrupta e devastadora. Em abril de 1994, o país de Ruanda iria estourar em um dos piores genocídios da história, deixando mais de um milhão de mortos em seu rastro. Cruce e sua família se viram na linha de frente... Uma estrada quebrada de carros em chamas e cadáveres mutilados o único caminho entre eles e a segurança. Com nada além de uma Bíblia em suas mãos e uma oração em seus corações, a família atravessou o caos, escapando com vida sob uma saraivada de tiros. Escorregando por barreiras de turbas empunhando facões e estradas secundárias através de montanhas escuras, a família finalmente conseguiu chegar em segurança ao país de Burundi e começou a construir uma nova vida para si mesma no Quênia, África Oriental. Mas as imagens e memórias de Ruanda fariam para sempre uma impressão duradoura na vida e na música de Cruce... E com o tempo, a própria música se tornaria a única saída para salvá-lo da dor silenciosa que estava lentamente começando a crescer por dentro.

Aos dezesseis anos, sua família voltou para os Estados Unidos e, pela primeira vez na vida, Cruce se sentiu perdido e deslocado. As imagens de morte que continuavam a rasgar sua mente eram um fardo que ninguém podia compartilhar, e ele rapidamente se afastou do mundo ao seu redor. Ele se lançou em uma espiral viciosa de drogas, gangues e violência e, quando tinha dezoito anos, já não tinha onde morar e estava nas ruas de Southside Atlanta. Foi lá, no chão infestado de baratas de uma casa de crack imunda, que ele começou a escrever o que se tornaria seu primeiro álbum; Um grito do fundo de sua alma, no lugar mais escuro de sua vida, ao Deus que uma vez o livrou do derramamento de sangue de Ruanda. Então ele começou a lenta e árdua escalada de volta para a redenção. Em um ano ele estava casado, com seu primeiro filho, trabalhando em tempo integral como um homem de manutenção, lutando para alimentar sua família e seu sonho eterno para a música.

Em 2005, ele finalmente completou e lançou seu primeiro álbum totalmente independente, "My Life’s Prayer" sob o nome de BabyBlue. A polêmica estréia em disco duplo pegou o Atlanta Underground de assalto. Ostentando 28 canções e dois livretos de 32 páginas, sua imagem, entrega e apresentação visual poderosa o diferenciavam de seus colegas que lutavam para dominar a cena do Underground Mixtape. Seu público começou a crescer lentamente, marcando seu nome e selando seu som único e fluido. Misturando Southern Hip-Hop rápido com suaves vocais de Rock, um toque de Soul e conteúdo lírico sem barreiras, ele começou a estabelecer um novo padrão para a música de gênero cruzado. Um ano depois, em 2006, ele foi contratado como co-produtor, editor e mente musical por trás do chocante filme do Atlanta Underground "Crackheads Gone Wild" e de repente se viu mergulhando no mundo do cinema. Uma paixão recém-descoberta que logo se tornaria um dos maiores e mais valiosos ativos de sua carreira.

Mas 2007 foi o ano em que tudo mudou para Cruce. Depois de sete anos tentando conciliar família, drogas, música e fé, ele atingiu seu limite e entregou sua vida totalmente a Jesus Cristo. Ele mudou seu nome para Crucifix, para servir como um lembrete diário de que o homem que ele era voltaria para reivindicá-lo se ele não se levantasse todas as manhãs e o matasse. Com uma fé recém-descoberta, ele começou a marcar um novo caminho à frente... Um caminho de esperança.

Em 2009, a história de sua vida foi publicada no livro “Your Own Jesus” pela banda Casting Crowns, vencedora do prêmio multi-platina, Grammy, Dove e American Music Award. Em 2010, a história se tornou internacional quando “Your Own Jesus” foi traduzido para seu segundo idioma para lançamento na Europa. Em julho, ele lançou seu álbum seguinte, “Cruce Signati”, com as lendas do Southern HipHop Sean P do Youngbloodz, Goodie Mob e membros da Outkast's Dungeon Family. O primeiro single e videoclipe, "Down 2 Die" (Feat. Sean P), rapidamente se tornou um hino underground na comunidade de motoqueiros 1%er, atingindo o rádio pela primeira vez e então Crucifix começou suas primeiras turnês pelo sudeste americano.




01. Crucifix - Underground Legend (feat. Madchild)
02. Crucifix - The Dreamer
03. Crucifix - Let Us In (feat. Rittz, Caskey, Jelly Roll & Bukshot)
04. Crucifix - Steal My Shine
05. Crucifix - Down 2 Die (feat. Sean P)
06. Crucifix - Fly Away
07. Crucifix - Life Is Good (feat. Bubba Sparxxx & Nappy Roots)
08. Crucifix - Ride Or Die Gurl
09. Crucifix - Animal (feat. Goodie Mob)
10. Crucifix - San Diego
11. Crucifix - Sidewayz (feat. Sean P)
12. Crucifix - Keep Smiling
13. Crucifix - Devil In A Chevy
14. Crucifix - Cocaine
15. Crucifix - Alone
16. Crucifix - Heaven
17. Crucifix - Forgiven.